A crise do Canal de Suez eclode em 1956, resultando na redução do fornecimento de combustível no mercado britânico. A British Motor Corporation (BMC) decide fabricar um pequeno carro com baixo consumo de combustível, aprovando o revolucionário projeto desenvolvido por “Alec” Issigonis de motor transversal e tração dianteira.

É isso mesmo! Até Enzo Ferrari foi proprietário de um.

Vários fornecedores se engajaram no projeto, como a Castrol, encarregada de desenvolver um óleo que fosse capaz de lubrificar caixa de câmbio e motor ao mesmo tempo, e o fabricante de pneus Dunlop, que desenvolveu pneus com aro de 10 polegadas, seguros e de baixo atrito. O projeto final foi apresentado ao publico em 1959, sendo batizado de Austin/Morris Mini.

Sua carroceria diminuta, rodas posicionadas nas extremidades e baixo centro de gravidade lhe dão personalidade ágil e estável. O departamento de competição da fábrica – BMC Competitions Team – fez que se destacasse de forma entusiasta e precisa nas seguintes competições de renome da década de 1960:

1960 – O Mini  ganha o Geneva Rally (Don Morley ao volante) com motorização de 848cc (34cv).

1961 – O Mini ganha os ralis da Holanda (Tullip Rallie),  Alemanha e Suécia (Söderström). No mesmo ano, Pat Moss (irmã do piloto de F1 Stirling Moss), conquistava o primeiro lugar na Coupe des Dames (competição especial dentro do Monte Carlo Rallye).

1962 – Pat Moss fica em primeiro na geralno Tullip Rallie e no Baden-Baden Rally.

1963 – O projetista e construtor de carros de F1 e Rali John Cooper preparara modificações para o Mini em colaboração com a BMC. É batizado de Mini Cooper S (Special), com motor de 997cc (55cv) e ganha o Alpine Rally nas mãos de Rauno Aaltonen. O equipado com o motor de 1275cc (75cv) e pilotado por Logan Morrison vence o rali da RAC (Royal Automobile Club inglês), se tornando campeão europeu.

1964 – Com o piloto Paddy Hopkirk, o Mini Cooper S de 1275cc vence o Monte Carlo Rallye, e um mesmo modelo chega em  quarto lugar, dirigido por Timo Mäkinen. Aqui começava o tetracampeonato do Mini (mais detalhes no final do post).

A BMC também dava apoio a vitoriosos times privados, como os de Barrie Williams (Welsh Rally) e Ronnie McCartney (Circuit of Ireland). Vitórias foram conquistadas pelo pequeno notável Mini em diversas provas e campeonatos, como a Mallory Park Three Hours Race (Warwick Banks), Brands Hatch Six Hours (John Handley), Spa 24 Hours Touring Car Race – classe de 1000cc (Paddy Hopkirk), BRSCC National Saloon Car Championship – classe 1300cc (John Fitzpatrick), European Touring Car Championship (Warwick Banks), Nordic Rally Championship (Harry Kallstrom), Swedish Ice Racing Champion (Picko Troberg), Swedish Speed Racing, Champion (Borje Osterberg) e Finnish Ice Racing Champion (Timo Mäkinen). Pode-se dizer que 1964 foi o ano para o Mini, que também obteve conquistas no Tullip (Timo Mäkinen), na Tchecoslováquia, em Munique, Genebra, rali dos 1000 Lagos e rali da RAC.

O carrinho vermelho com teto branco e cheio de faróis auxiliares foi notícia em toda a imprensa europeia. Engraçado, que havia uma superstição entre os pilotos de que Mini vermelho ‘dava azar’…

1965 – O Mini Cooper S ganhou o Circuito da Irlanda (com Hopkirk), o Rali da Polônia , Rali 3 Cidades, Geneva, Czech Rally e RAC (nas mãos de Aaltonen).

1966 – Ganhou o Circuito da Irlanda com Tony Fall, Alpine Rally com Hopkirk, Scottish Rally com Fall novamente, 1000 Lagos (com Timo), Tullip e Czech Rally (com o Aaltonen).

1967 – Hopkirk ganha o Circuito da Irlanda e Timo é vitorioso no 1000 Lagos. No Alpine Rally, Hopkirk fica em primeiro na geral.

Monte Carlo Rallye – Suas provas eram disputadas de dia e de noite em estradas tortuosas e com neve. Foi o cenário perfeito para o Mini Cooper S, que conquistou vitórias nas provas de 1964, 1965 (com Timo Mäkinen no apelidado Rallye da Morte), 1966 (1º lugar com T. Mäkinen, 2º lugar com R. Aaltonen e 3º com P. Hopkirk) e 1967 (R. Aaltonen). O Mini foi desclassificado em 1966 por irregularidade nas lâmpadas dos faróis (motivo que também tirou o troféu de 4º lugar de Roger Clarck e seu Lotus Cortina), o que gerou polêmica e hostilidade entre o Automóvel Clube de Mónaco (com a cumplicidade da FIA) e a BMC Competitions Team com seu Mini: o regulamento fora modificado poucas semanas antes do Rali, prejudicando o Mini e entregando de bandeja a vitória para a Citroën. Mas a repercussão deu mais projeção ao Mini do que ao vitorioso DS francês.

Com mais de 30 vitórias nas rigorosas competições dos anos de 1960, a pequena, ágil e manejável criação de Issigonis se destacou onde potência e cilindradas elevadas eram inúteis.

FOTOS: http://luiscezar.blogspot.com/